Num dia qualquer, há mais de 100 mil anos, num vale inóspito entre a África e a Ásia um carinha vagava pela terra de lá pra cá, de cá pra lá a procura de uma aconchegante caverna para suportar o implacável frio de um planeta gelado no distante período paleolítico. Esse nosso ancestral da pré-história era um nômade ou um andarilho, um sem-teto, um sobrevivente em uma terra de poucos amigos onde predominava a regra do “quem pode morde quem não pode sai mordido”.
Nessa natureza violenta, nosso amigo sempre “saía mordido”. Também pudera, imagine uma espécie que não consegue voar e que ao andar por aí no máximo de sua velocidade que male-male ultrapassava o limite dos 30 km/h e na água não passava de algumas braçadas na superfície. Para piorar não tinha garras afiadas, nem dentes poderosos, nem sequer um couro grosso para suportar pancadas.
Na prática, o ser humano na natureza era um lanchinho saboroso, de carne macia, fácil de ser caçado, sonho de consumo de qualquer carnívoro. Mas quem poderia imaginar que esse lanchinho saboroso das feras selvagens iria construir um mundo só dele. E mais, que o mundo todo seria dominado por ele?
A pedra fundamental da construção de um mundo dominado pelo homem foi a descoberta do fogo. O fogo para aquele andarilho da pré-história ia muito além de uma reação química, era uma arma poderosa, símbolo de poder, uma energia que o protegia de ser mais um caçado no escuro e ainda proporcionava a tranquilidade noturna de saborear no claro, uma caça suculenta. Além de aquecer, iluminar e proteger, o fogo ainda proporcionava o prazer de uma “churrascada entre amigos”.
Curiosamente o ato de passar a comer carne assada e não mais carne crua, significava menos doenças no corpo, facilitava a digestão alterando gradativamente toda a estrutura da espécie humana: os dentes tornaram-se mais frágeis, os pelos no corpo diminuíram, o cérebro cresceu, e a inteligência foi ganhando espaço da força física.
Não demorou e o homem começou a perceber que o mundo não seria dominado pelos valentões, fortões, brucutus, e sim, por pessoas sábias dotadas de inteligência suficiente para solucionar problemas. Foram esses sábios que criaram armas cada vez mais modernas, que organizavam, lideravam, articulavam membros do grupo para caçar, evitar ser caçado, garantindo a proteção da família e a perpetuação da espécie.
Enfim, é aqui que podemos refletir sobre aquele carinha lá no começo do texto, do Paleolítico, frágil, desprovido de garras e dentes poderosos, lento, péssimo nadador, que mudava de caverna em caverna, andando de um lado para o outro atrás de frutos e raízes, correndo atrás da caça e muitas vezes correndo para não ser caçado? Pois é, essa sua vida de nômade já estava ficando chata. Até porque, já fazia centenas de milhares de anos que os primitivos humanos só faziam isso.
Foi aí, que finalmente uns nômades inteligentes que provavel mente não eram os homens brucutus, fortões e valentões perceberam que se enterrassem sementes de algum fruto no chão, nasceria um pé de fruto que daria frutos, novas mudas de plantas davam vida a novas plantas. Perceberam também que a plantação se desenvolveria melhor se estivesse próxima de rios. O mesmo aconteceu com a caça. Acredite, era muito difícil ter que caçar para comer ou andar muito para coletar os mais variados alimentos. Até porque, nesse momento não tinha esse negócio de disk pizza, disk marmitex ou do fast food.
O ser humano logo começou a pensar: “Por que sair correndo todo dia atrás de comida se era possível ter a comida por perto?” E assim, o homem há cerca de 15 mil anos fixou moradia às margens de rios, tornou-se sedentário, agricultor, produtor, criador. Animais passaram a ser domesticados para ser almoçado ou jantado. Esse fenômeno de deixar a vida nômade para uma vida sedentária, fixo num local, foi uma mudança radical, uma transformação social que os historiadores do século XX vão simplesmente chamar de Revolução Agrícola.
Esse ato foi a primeira revolução na história humana, onde aquele “lanchinho saboroso” das feras carnívoras do Paleolítico, agora, no Neolítico era capaz de criar, cultivar, produzir e planejar uma colheita num determinado lugar e coletar aquilo que a natureza dava de acordo com as estações do ano. É no Neolítico, que o ser humano estava manipulando a natureza de tal modo que já eram “os donos do pedaço”, produzindo tudo que necessitavam, desenvolvendo conhecimentos técnicos que permitiram o aumento da produção nas diversas áreas, desde agrária, pecuária, bélica e de locomoção, resultando no aumento das populações. É também no
Neolítico que surgem os primeiros modelos de divisão de trabalho, ou seja, todos tinham suas funções, desde os mais novos, aos mais fortes, aos mais sábios, aos mais velhos e as mulheres com distinção de atividades compatíveis ao que acreditavam coerente com a condição física de cada um, embora a agricultura fosse função das mulheres.
Assim, pequenas sociedades e coletivos começaram a se aglomerar as margens de rios e áreas férteis, surgiu uma estrutura familiar conhecida como famílias alargadas, que eram compostas por todo novo membro aceito por aquele grupo e com algum grau de parentesco. Você consegue imaginar o seu primo de quarto grau? Provavelmente esse seu primo, filho da sua tia avó, que é irmã da sua bisavó que é avó da sua mãe, você nunca ouviu falar. Talvez se “conheçam” pelo Facebook ou pelos grupos de família de WhatsApp, aquele grupo que todo mundo tem no celular e que todos dão bom dia de manhã. Pois é, no paleolítico essa parentada toda morava junto.
A primeira Cidade
Definir “a primeira cidade” é quase impossível, pois até hoje os arqueólogos, - aqueles carinhas que adoram cavoucar e desenterrar algumas provas de vidas humanas antes de nós-, batem cabeças sem ter certeza de onde e como surgiu aquele que poderia ser o primeiro aglomerado urbano ou a primeira cidade.
Na busca da semente da primeira cidade, o que se sabe é que ainda no período Paleolítico o homem se relacionava com um lugar, um ponto no espaço e a caverna era nesse espaço, a primeira moradia, lugar de segurança, de convívio social, de práticas cerimoniais e manifestações artísticas.
Mas uma área urbana densa, que comprove os primeiros indícios de surgimento das cidades está ao redor dos rios Eufrates e Tigre e isso não é um acaso, é escolha que comprova o raciocínio lógico dos seres humanos em fincar raízes onde era possível se defender de possíveis ataques. Não é à toa que as primeiras cidades ficavam próximas as escarpas, ou penhascos, se você preferir chamar assim, pois isso facilitava a defesa, a visualização do inimigo que se aproximava e também de ataques surpresas.
Claro que a defesa de uma cidade não é feita apenas com construções de muros, antes disso, é se aproveitando do que a própria natureza tem a oferecer. Exemplo claro é a água. Parece algo óbvio e até meio bobo, mas pensar no proveito da água para fixar moradia, foi desde o princípio da civilização algo primordial, uma decisão que facilitava a criação de animais e também as plantações. Até porque, os sistemas de irrigação ainda estavam longe de ser inventados. Além disso, os rios facilitavam o acesso dos habitantes e o transporte do excedente de produção, já as pedras rochosas garantiam as emboscadas que por ventura fossem necessárias para com aqueles que não conhecessem bem o local.
Isso certamente deve ter acontecido com Çatal Hüyük, cidade que acredita-se ter sido a primeira do mundo, construída há cerca de 7 mil anos, situada no centro-sul da Turquia.
Pensa numa arquitetura interessante... Pensou? Pois nessa cidade, as casas eram assim: feitas de tijolos comuns e construídas uma colada na outra. A parte externa dessas moradias formavam um imenso muro contínuo e fechado. Nessa cidade, não havia ruas e os seus 5 mil moradores circulavam por cima dos telhados por meio de uma abertura que existia no teto das casas. Está na cara que esse tipo construção era para facilitar a defesa contra ataques de inimigos.
Pois bem, até aqui percorremos o longo período da idade da Pedra, dividido entre o Paleolítico, popularmente chamado de Pedra Lascada, do Neolítico, também conhecido por Pedra Polida, chegando finalmente aqui, na Idade dos Metais. Durante esses quase dois milhões de anos a humanidade encontrou moradia nas cavernas, desenvolveu linguagens, técnicas e culturas suficientes para desenvolver as primeiras cidades.
Deixe-me ver se entendi:
1. Nômade, é o homem que:
a) não tem habitação fixa e vive permanentemente mudando de lugar.
b) vive em cima das árvores e usa como meio de transportes os cipós.
c) tem habitação fixa e vive permanentemente no mesmo lugar a vida toda.
d) mora em casinhas de madeiras construídas geralmente no deserto.
e) são os moradores de moradias de casas oferecidas pelo governo.
2. As principais características do período da Pré-História conhecido como Paleolítico é:
a) os homens domesticavam animais e praticavam a agricultura.
b) os homens se organizavam em vilas, o poder ficava nas mãos de um chefe.
c) os homens faziam suas ferramentas, utensílios domésticos e armas com ferro.
d) os homens habitavam cavernas, viviam da caça de animais e coleta de vegetais.
e) os homens habitavam fora das cavernas, viviam a base da agricultura comunitária
3. A Pré-História pode ser definida como:
a) o período em que os dinossauros dominaram o planeta.
b) o período anterior ao surgimento da escrita.
c) o período que vai do surgimento da escrita até o início da civilização grega.
d) o período em que o ser humano vivia em cavernas, caçava com pedaços de pedras e ossos e escrevia textos em blocos de pedras.
e) o período que vai do surgimento da escrita até o início do cristianismo.
4. Qual a importância da descoberta do fogo ainda no Paleolítico?
a) o fogo era uma poderosa arma de proteção contra os predadores selvagens, com ele o homem da pré-história se aquecia e cozinhava seus alimentos.
b) o fogo era muito importante, pois os homens das cavernas comemoravam as festas juninas em torno de uma grande fogueira.
c) o fogo não tinha a menor importância para os homens da pré-história, isso porque tanto os homens como os outros animas temiam o fogo e preferiam ficar longe dele.
d) o fogo era importante, mas tinha que esperar chover forte para um relâmpago cair numa árvore e provocar uma fogueira.
e) o fogo era muito importante, pois os homens das cavernas poderiam praticar a nova arte da metalurgia.
5. De que forma os alimentos cozidos contribuiu no desenvolvimento humano?
a) alimentos cozidos significava melhor digestão, menos doenças no corpo, contribuindo para o desenvolvimento do cérebro e consequentemente dando espaço para a inteligência.
b) alimentos cozidos significaram pouco, porque o organismo humano levou milhares de anos para se adaptar e facilitar a digestão.
c) alimentos cozidos, assados, mal passados ou crus não tinham a menor importância, porque o importante era matar a fome.
d) alimentos cozidos só passaram a significar algo quando o homem descobriu que era possível aproveitar os diversos tipos de carnes, legumes e verduras para benefício próprio.
e) alimentos cozidos contribuiu diretamente para obesidade.
6. Revolução Agrícola é um termo para explicar:
a) uma revolução armada acontecida entre os homens das cavernas.
b) o desenvolvimento da agricultura moderna na África do Sul.
c) um período de transição entre nomadismo para o sedentarismo do homem da pré-história.
d) uma luta revolucionária das mulheres para poder plantar sementes próximas dos riachos.
e) uma luta revolucionária da francesa no sec. XVIII
7. As primeiras divisões do trabalho vão surgir no período:
a) jurássico
b) paleolítico
c) neolítico
d) medieval
e) contemporâneo
8. Arqueólogos são:
a) cientistas que estudam os dinossauros.
b) cientistas que estudam a vida em outros planetas.
c) escritores de poemas.
d) pesquisadores sobre o efeito do ar (oxigênio) na Terra.
d) cientistas que estudam objetos enterrados, submersos em rios e oceanos na busca de vestígios que explicam o cotidiano de povos que viveram séculos atrás.
9. As primeiras cidades estavam localizadas:
a) no meio do deserto, dificultando ao máximo a chegada de inimigos.
b) em áreas planas, distante de rios, próximo de estradas facilitando a chegada de turistas e mercadores.
c) próximas as escarpas, ou penhascos, pois era uma defesa natural diante de ataques surpresas proporcionando boa visualização do inimigo.
d) em fundo de vale, para permanecer o mais escondido possível.
e) em áreas planas, mas em fundo de vale.
10. Por enquanto, a grande maioria dos arqueólogos afirma que a cidade mais antiga é:
a) Jerusalém
b) Çatal Hüyük
c) Alexandria
d) Roma
e) Jericó
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Respostas:
1a– 2 d – 3 b – 4 a – 5 a – 6 c – 7 b – 8 d – 9 c – 10 b
Amei a sua explicação! Usarei como complemento nas minhas aulas!