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  • Foto do escritorProfessor Marcelo Bruggemann

PARA ENTENDER A POLÊMICA DA CULTURA WOKE

Por: Prof. Dr. Marcelo V. Bruggemann






O termo “cultura woke” está dando o que falar, seja aqui no Brasil, na Europa e principalmente nos Estados Unidos onde a expressão se originou e se define literalmente por “acordado”. Ativistas de esquerda adotaram esse vocábulo para referirem a si mesmos como àqueles que estão cientes das questões ligadas à justiça social, enquanto que os da direita explicam que tal expressão é só mais uma nova variante das narrativas marxistas que se infiltrou como parasita nos conteúdos das séries, filmes e outras formas de entretenimento, pautando inclusive, os  discursos sociais e políticos.

 

A história desse “new marxismo americanizado” remonta ao século XIX, quando estava ligado ainda aos abolicionistas que apoiavam Abraham Lincoln, integrantes do Partido Republicano, considerado de linha conservadora. Durante o século XX, o termo "woke" continuou a refletir a conscientização sobre a liberdade dos negros, especialmente nos Estados Unidos, sendo empregado de maneira informal e popular.

 

Foi apenas em 2010 que ativistas e políticos de inclinação esquerdista passaram a adotar a expressão "woke" para se referirem às suas causas, formando assim a “cultura woke”, a qual se define pela amplificação popular do marxismo cultural moderno, refletindo uma evolução da cultura marxista para uma esfera mais abrangente e online, englobando diversas esferas do entretenimento, aumentando sua influência na mídia, nos cinemas, nas séries e consequentemente, na política dos Estados Unidos.

 

Em 2016, a cultura woke ganhou destaque através do documentário "Stay Woke", que apontou a evolução do movimento Black Lives Matter o qual lutava por mudanças nas políticas em vigor detalhando os motivos pelos quais a tensão entre a comunidade negra e as forças coercitivas estatais se fazia presente na sociedade americana.  A partir desse documentário, o termo frequentemente foi empregado nas redes sociais para caracterizar a esquerda americana.

 

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Atualmente, esse novo modelo de narrativa marxista tem amplo espaço na sociedade de matriz democrática, liberal e cristã, visando a problematização e polemização das pautas sociais e políticas, com foco especial na desconstrução da moral clássica, gerando uma reação duríssima da ala conservadora, como se viu nos discursos inflamados do ex-presidente Donald Trump vencedor das eleições de 2016 contra a representante da esquerda americana, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.


A pauta Woke determinou também a eleição em 2018 e a reeleição do governador da Flórida Ronald DeSantis em 2022 abarcando mais de 80% dos votos no terceiro maior colégio eleitoral dos Estados Unidos, tonando-se um dos grandes nomes do conservadorismo, da resistência aos marxistas e o principal nome para enfrentar Trump nas prévias presidenciais do partido republicano. A rigor, os conservadores americanos têm utilizado o termo "cultura woke" para descrever as políticas de orientação esquerdista, cuja palavra em si é definida como uma nova narrativa frequentemente ligada à agenda socialista.

No cenário brasileiro, a expressão correspondente ao termo woke é “lacração”. Além disso, a expressão também é empregada para caracterizar os apoiadores do relativismo moral e outras agendas dos esquerdistas, incluindo ideologia de gênero, feminismo, legalização do aborto, liberação das drogas, desarmamento de civis, casamento religioso para homossexuais, desconstrução da família tradicional, relativização da moral cristã, dentre outros.

 

É diante esse cenário que a cultura woke está provocando transformações globais, especialmente dentro da indústria cultural. As produções cinematográficas mais recentes de Hollywood estão caracterizadas por elencos cada vez mais diversificados, enquanto narrativas centradas em personagens masculinos estão sendo substituídas por protagonistas femininas. Grandes jornais agora estão debatendo o conceito de "supremacia branca". Até mesmo corporações como a Nike e a CIA estão lançando campanhas publicitárias que abordam questões como o patriarcado e a interseccionalidade.

 

Corporações de grande porte têm incorporado a cultura woke como uma tática para ampliar seus ganhos financeiros e sua influência. Esse movimento é evidenciado na indústria cinematográfica por meio do que é conhecido como a teoria do "parasita pós-moderno". Ou melhor, os ativistas envolvidos na cultura woke têm se concentrado não em gerar novos personagens ou tramas, mas sim em apropriar-se de personagens tradicionais, adaptá-los, desconstrui-los para promover sua agenda marxista.

 

O termo "parasita" é usado de forma figurativa para expressar que esses ativistas estão se beneficiando ou se apoiando em elementos culturais já existentes para promover suas ideias e perspectivas, sem criar algo completamente novo. Alguns exemplos notáveis desse fenômeno na indústria cinematográfica incluem: She-Hulk, onde o Hulk original é retratado como um homem sensível preocupado com questões sociais; Cinderela (2021), em que a fada madrinha é transformada de uma figura bondosa em um homem homoafetivo excêntrico; The Flash (2023), no qual a ideia original de um Super Homem de outro universo é substituída por uma Super Mulher, com os produtores argumentando que ela é mais poderosa que o Super Homem original; Barbie (2023) uma feminista empoderada que tem no Ken, seu namorado, um frágil objeto de uso pessoal dentre vários outros exemplos.

 

Essa nova cultura marxista está implantando um verdadeiro culto às pautas socialistas/esquerdistas, colocando de lado o conteúdo clássico, moral, ético e virtuoso, marca da civilização ocidental edificada sobre a moral grega e os valores judaico-cristãos.  Diante disso, os principais opositores da cultura woke são os adeptos do conservadorismo nos Estados Unidos, os quais argumentam que há um embate com essa cultura. Alguns sustentam que esse fenômeno está ligado ao relativismo moral, enquanto os ativistas conservadores norte-americanos se opõem à ideia de que nesses novos conteúdos de entretenimento não existem valores objetivos e universais, recusando a concepção de uma verdade que se aplique a todos, conforme é defendido por muitos ativistas da esquerda.

 

Nessa perspectiva, tudo passa a ser uma questão de ponto de vista e contexto. Guilherme Freire, professor de filosofia, afirma que uma das ramificações do relativismo moral é a falta de comunicação, já que não existem realidades ou verdades universais que possam ser aplicadas de maneira abrangente. Para ele, “Quem não consegue ouvir, não tem como descobrir a verdade”.

 

Dado que a cultura woke não define de forma clara o que é correto ou errado, pessoas que se sentem contrariadas podem recorrer à agressão contra outras sem perceber isso como um dilema moral, desde que acreditem que essa atitude seja aceitável. Logo, essa cultura tem o potencial de, sem intenção, levar a um aumento da hostilidade quando há choque entre desejos pessoais. Ou seja, tentar mostrar que a visão de alguém está dissociada da realidade pode provocar sensações de mágoa.

 

Críticos da cultura woke afirmam que é possível obter certezas objetivas através da vivência da realidade. O entendimento sobre eventos concretos, que é negado pelos relativistas, é de fato realizável. O relativismo limita a capacidade de realizar avaliações imparciais sobre assuntos. Quando se deparam com fatos concretos, é viável analisá-los e chegar a conclusões objetivas.

 

Para Luiz Felipe Pondé, em uma linguagem mais ácida, “[...] o woke é na verdade coisa de classe média alta americana [...], apesar de nascer no movimento afro-americano”, e continua: “[...] na verdade woke é o nome para a esquerda Nutella, para os esquerdinhas que fazem documentários por aí sobre pobres, quando são na realidade filhos de banqueiros, que acham que assim estão salvando o mundo”. Por fim, completa, ao dizer que woke é “[...] alguém que derruba estátua, [...], é alguém que fala todes”.

 

O fato é que os “wokes” estão pintando um mundo que não é real, e sim imaginário, usando obras de autores para deturpar a verdade e impregnar a cultura com falsos moralismos.

 

A cultura woke, dominada pelo marxismo, adentrou na indústria de entretenimento e vem relativizando e destruindo a ética, moral, a virtude, que tanto eram preconizadas por Stan Lee em seus personagens da Marvel, haja vista que era um conservador clássico, e trazia o conservadorismo clássico para seus heróis de quadrinhos. Enfim, está adentrando na cultura do mundo todo, pressionando uma consciência em que as pessoas devem confrontar forçadamente a realidade com uma ideia irreal.



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